
As ações de mineradoras e siderúrgicas registram forte alta na sessão em um dia de fortes ganhos para o minério de ferro, ignorando assim algumas mudanças de recomendação que poderiam pressionar os ativos.
Às 12h15 (horário de Brasília) desta segunda-feira (21), Vale (VALE3) saltava 3,74% (R$ 56,60), CSN (CSNA3) teve ganhos de 2,56% (R$ 8,02), Usiminas (USIM5) tinha ganhos de 3,83% (R$ 4,07) e Gerdau (GGBR4) avançava 2,86% (R$ 16,57).
CSNA3 e USIM5 avançam, apesar da recomendação ter sido cortada para as ações das duas companhias pelo Morgan Stanley.
Isso porque os futuros do minério de ferro atingiram os níveis mais altos em quase cinco meses nesta segunda-feira, impulsionados pelo anúncio da construção da maior usina hidrelétrica do mundo na China, no rio Yarlung Tsangpo, no Tibete, e pelas margens firmes das siderúrgicas.
O contrato mais negociado de setembro do minério de ferro na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 2,08%, a 809 iuanes (US$112,74) a tonelada, depois de atingir uma máxima intradiária de 819 iuanes, o maior patamar desde 26 de fevereiro.
O minério de ferro de referência para agosto na Bolsa de Cingapura avançava 2,81%, a US$ 103,6 a tonelada, atingindo uma máxima intradiária de US$ 104,8, o maior patamar desde 27 de fevereiro.
O primeiro-ministro da China, Li Qiang, anunciou o início da construção daquela que será a maior usina hidrelétrica do mundo, um projeto que deverá impulsionar significativamente a demanda por aço para construção como parte do esforço do país em prol das energias renováveis.
“Os mercados futuros de minério de ferro e vergalhões estão reagindo positivamente ao anúncio do projeto da mega-hidrelétrica”, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities em Cingapura.
Não há dúvida de que a construção da usina beneficiará significativamente os mercados locais de aço e poderá atrair aço para construção de diversas partes da China, especialmente considerando que o projeto é de três a quatro vezes maior que a Usina de Três Gargantas, acrescentou Atilla.
O Bradesco BBI ressalta que os contratos futuros de minério de ferro subiram US$ 4/t (tonelada), apoiados pelo compromisso renovado das autoridades chinesas de eliminar gradualmente a capacidade industrial obsoleta, juntamente com o anúncio de um projeto de mega-barragem no Tibete.
“Na sexta-feira, a Associação Chinesa de Ferro e Aço (Chinesa Iron and Steel Association) informou ter realizado uma reunião com grandes siderúrgicas e o chefe do departamento de aço do Ministério da Indústria, na qual os participantes prometeram intensificar os esforços. Enquanto isso, em uma coletiva de imprensa no mesmo dia, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação do país afirmou que a China lançará uma nova rodada de programas para estabilizar o crescimento, pressionando pela eliminação da capacidade obsoleta em 10 setores-chave, incluindo o aço”, aponta o BBI.
O BBI também ressaltou que o projeto no rio Yarlung Tsangpo, no Tibete. “Espera-se que o projeto impulsione a demanda por materiais de construção. Positivo para a Vale, com classificação outperform (desempenho acima da média do mercado), e a CSN, com recomendação neutra. Apesar da sazonalidade mais fraca, os preços do minério de ferro continuam a apresentar forte impulso, já que o crescente fluxo de notícias sobre o compromisso da China de reduzir a capacidade obsoleta continua a sustentar o sentimento do mercado”, avalia o banco.
Fonte: Reuters e InfoMoney