Vale pode destruir área de preservação ambiental e prejudicar segurança hídrica, dizem pesquisadores; mineradora nega

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Especialistas denunciaram que o projeto Apolo, da mineradora Vale, é uma ameaça para a segurança hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A proposta prevê a exploração minerária próxima à Serra do Gandarela, área de conservação ambiental.

“A Serra do Gandarela abriga um dos últimos aquíferos preservados do nosso quadrilátero aquífero e ferrífero e a cava do projeto Apolo vai destruir esse aquífero. Essa água pura, que está preservada e que abastece as nascentes do Rio das Velhas e do Rio Piracicaba, vai secar. Uma vez destruído o aquífero, acabou essa reserva que pode ser uma fonte de garantia de segurança hídrica para RMBH”, explicou Daniel Neri, professor e pesquisador do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), ao noticioso “Brasil de Fato”.

Segundo Daniela Campolina, uma das coordenadoras do grupo de pesquisa Educação, Mineração e Território da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a destruição dos aquíferos representa riscos suficientes que justificam a rejeição do projeto: “É muito complicado, especialmente em tempos de mudanças climáticas. Nós não podemos nos dar o luxo de fazer um projeto com esses impactos. A Vale alega que não alteraria a dinâmica hídrica, o que cientificamente é uma mentira. Por mais que apresentem a ideia de um ‘novo conceito de mineração’ , não existe nenhuma tecnologia que impeça, no caso desse projeto, a destruição definitiva dos aquíferos”.

De acordo com moradores, o projeto também pode trazer impactos sociais para a região: “Sempre quando chegam grandes empreendimentos de mineração, há aumento do custo de vida, e sobrecarga dos serviços públicos, principalmente de saúde e habitação. Além disso, também crescem os índices de gravidez precoce, prostituição infantil e adulta. Para se ter uma ideia, está previsto um alojamento para 480 trabalhadores perto da comunidade Morro Vermelho, que já tem situações de fragilidade social”, disse a ambientalista e moradora de Caeté, Maria Tereza Corujo.

Ambientalistas e residentes da região fizeram um abaixo-assinado que já recebeu mais de 50 mil assinaturas. O movimento “Salve Gandarela” não quer a implantação do projeto, que pode gerar vários danos ao meio ambiente e à sociedade.

Posicionamento da Vale

O Notícias Uai entrou em contato com a mineradora, que enviou nota. Leia na íntegra:

“O Projeto Apolo foi inteiramente remodelado desde sua primeira versão em 2009. O Novo Apolo foi desenvolvido ao longo da última década a partir da escuta ativa com comunidades e entidades ambientais. Este novo projeto também é resultado de evoluções nas soluções de engenharia e reflete a nova forma de operar da Vale.

O Novo Apolo é um projeto que não vai gerar rejeitos e não terá barragem ou outra estrutura para disposição de rejeito. A produção do minério de ferro será simplificada, com maior aproveitamento dos recursos minerais e sem a utilização de água no processo de produção.

O Novo Projeto Apolo não afetará a disponibilidade de água na região, por estar localizado após o ponto de captação de água para Belo Horizonte e Região Metropolitana. Adicionalmente, a empresa irá monitorar os cursos d’água e, caso seja verificada qualquer alteração, será feita a reposição conforme exige a legislação. Cabe esclarecer que a reposição da vazão será realizada com a mesma água do aquífero, sem alteração no volume ou na qualidade da água do curso d’água.”

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