Quando a derrota nas urnas dói mais do que deveria, surge um fenômeno recorrente na política brasileira: a oposição movida não por ideias, mas por ressentimento. Um grupão rejeitado pelo voto popular insiste em tentar governar pela birra, torcendo contra a própria cidade apenas para não admitir que o povo escolheu outro caminho.
Sem liderança, sem projeto e sem credibilidade, encontraram um porta-voz à altura da fragilidade do grupo: um vereador despreparado, confuso quanto às próprias atribuições, que trocou o papel constitucional de fiscal pelo de valentão de microfone. No plenário, ameaça colegas; fora dele, repete discursos alheios como quem lê bula de remédio sem entender o efeito colateral.
Por trás do teatro político, atua um velho conhecido dos bastidores: um advogado que sonha em fazer parte de todo governo. Desta vez, porém, ficou do lado de fora. Orgulho ferido costuma virar petição mal feita, ação barulhenta e discurso inflamado. Tudo isso embalado em fumaça — e sem qualquer contribuição concreta para a cidade.
O vereador-cobaia cumpre fielmente o papel que lhe foi imposto. Não legisla, não propõe, não fiscaliza com técnica. Prefere vídeos, ataques pessoais e bravatas. Critica festas, posa de paladino da moral e tenta vestir a fantasia de “vereador exemplar”, enquanto seu próprio histórico político é convenientemente varrido para debaixo do tapete.
O enredo ganha contornos ainda mais constrangedores quando se percebe que a motivação é menos política e mais pessoal. Inveja, ressentimento e histórias mal resolvidas pesam mais do que qualquer compromisso com o interesse público.
Enquanto isso, a cidade assiste. Assiste a quem torce para dar errado. Assiste a quem prefere o caos à construção. Assiste a quem perdeu a eleição, mas se recusa a aceitar o veredicto das urnas.
A política local, assim, vira uma novela ruim: personagens previsíveis, vilões autodeclarados e um roteiro repetido até a exaustão. A prova disso veio nas eleições passadas, quando a maioria desses mesmos personagens foi rejeitada pela população e ficou fora do poder.
O advogado que hoje se apresenta como “ápice” da moralidade política nada mais é do que mais um ressentido pela ausência de uma boquinha no governo. Sua exclusão não foi acaso, mas precaução. Afinal, quando se identifica risco de afundar uma administração inteira, a única atitude responsável é manter distância.
No fim, vale o alerta popular que atravessa gerações: quem anda com pato, morre afogado. E quem insiste na política do ressentimento costuma afundar junto — sozinho e sem plateia.







