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Vale se prepara para novo ciclo de mineração em Itabira com novas readequações das usinas; sindicato negocia manutenção de empregos

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Empresa projeta 16 anos de produção em Itabira e garante compromisso com
trabalhadores durante período de transição
A Vale se prepara para dar início, a partir de 2026, a um novo ciclo de mineração
em Itabira, com previsão de duração de 16 anos, até 2041. O anúncio marca mais
uma etapa na longa história da atividade mineral na cidade, que já passou por
diferentes fases desde o início da exploração de hematita, passando pela exaustão
da histórica mina Cauê no início deste século.
Segundo o presidente do Sindicato Metabase de Itabira e Região, André Viana,
também representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Vale,
para esse próximo ciclo a empresa fará adequações nas plantas de beneficiamento,
inicialmente da usina Cauê – e posteriormente também em uma das usinas de
Conceição.
As adequações são necessárias para que sejam realizados novos processos de
concentração de minério de ferro de baixo teor no Complexo Minerador de Itabira
até a exaustão das atuais reservas medidas, prevista para 2041.
Para isso, já no segundo semestre de 2026, a usina Cauê entrará em fase de
“hibernação” para reformas e modernização. Durante esse período, a produção local
será concentrada nas duas usinas de Conceição.
Com isso, a arrecadação municipal não sofrerá queda, afirma o presidente do
Metabase. “Com a produção sendo mantida na média concentrada nas duas plantas
de Conceição, mantém-se no mesmo patamar atual a arrecadação com a Cfem”,
informa o sindicalista.
Pela mesma razão, diz, será mantido também o índice VAF (Valor Adicionado
Fiscal) do município, apurado pela Secretaria de Estado da Fazenda de Minas
Gerais, com base no qual é feito o rateio do ICMS entre os municípios mineiros.
Desafios técnicos
De acordo com André Viana, a usina Cauê enfrenta limitações por ser uma planta
fora dos padrões atuais, com desafios relacionados à reutilização de água,
necessidade de reagentes e gestão de rejeitos.
“A Vale já estuda e viabiliza soluções como o empilhamento a seco e novas formas
de disposição de estéril, além de adequações em barragens e cavas. Esses ajustes
são considerados fundamentais para assegurar a qualidade do minério e a
sustentabilidade do processo produtivo no complexo de Itabira”, explica.
Compromisso com os trabalhadores

Em reunião realizada nessa segunda-feira (1) entre o Sindicato Metabase e a
diretoria operacional da Vale em Itabira, a empresa se comprometeu a manter os
postos de trabalho durante o processo de adequação.
Para o seu cumprimento, segundo Viana, haverá fiscalização mensal para garantir
que não haja aumento no número de demissões, exceto em casos de justa causa,
desligamentos voluntários e aposentadorias.
Ele explica que será respeitada a estabilidade do chamado turnover, indicador que
mede a relação entre admissões e demissões.
Entre os pontos defendidos pelo sindicato para a manutenção dos empregos está a
realocação de trabalhadores para outras áreas operacionais em Itabira, seja em
estruturas do próprio complexo Cauê (oficinas de manutenção ou mesmo no serviço
de adequação), como também em transferências para o complexo Conceição.
“Outro ponto discutido com a empresa para assegurar a empregabilidade é a
primarização de serviços terceirizados”, defende o presidente do Metabase.
Mobilização sindical
Viana reforça que o momento exige união e vigilância de todos os trabalhadores.
“Queremos que a Vale faça essa necessária adequação, mas sem prejudicar os
seus empregados. É fundamental que todos estejam mobilizados em torno do
sindicato, acessando informações oficiais e evitando cair em fake news que podem
gerar insegurança”, afirmou.
O presidente lembra que o sindicato já atuou em crises anteriores, como em 2009,
na queda do preço do minério em 2015 e durante a pandemia de Covid-19,
buscando assegurar a manutenção dos empregos.
“Mais do que nunca, o trabalhador precisa estar conectado ao sindicato,
fortalecendo a entidade para que possamos continuar lutando pelos direitos de
todos”, conclama.
Esse novo ciclo da mineração em Itabira, que se estende até 2041, representa não
apenas um desafio técnico e operacional para a Vale, mas também um momento
decisivo para os trabalhadores, que terão de se preparar para uma realidade
marcada por mudanças e adaptações constantes.
Ciclos da mineração em Itabira
Desde 1942, quando tiveram início as atividades minerárias da Vale em Itabira, a
empresa passou por vários ciclos.
O primeiro ciclo começou com a extração e britagem da hematita, seguido, na
década de 1970, pela concentração do itabirito friável.
Já na década passada, a Vale inaugurou o terceiro ciclo, com o aproveitamento do
itabirito compacto, antes considerado estéril, construindo uma nova planta de
concentração em Conceição e modernizando as que já existiam.

Outros ciclos certamente ainda virão, como, por exemplo, o reaproveitamento no
processo produtivo do minério de ferro contido nos rejeitos das barragens – o que
pode, inclusive, juntamente com a viabilização de outros recursos, prolongar a vida
útil do complexo de Itabira para além de 2041, que é o atual horizonte previsto de
exaustão mineral no município.

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